"Você já pensou que no baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga?"
"(...)O curinga é um pequeno bobo da corte; uma figura diferente de todas as outras. Não é nem de paus, nem de ouro, nem de copas e nem de espadas. Não é oito, nem nove, nem rei e nem valete. É um caso à parte; uma carta sem relação com as outras. Ele está no monte das outras cartas, mas aquele não é o seu lugar.(...)"
– Minha casa é em lugar nenhum – prosseguiu ele.
–Não sou de copas, nem de ouros, nem de paus, nem de espadas. Também não sou rei ou valete, nem oito, nem ás. Aqui estou eu, um simples curinga. E tive de descobrir sozinho o que é ser um curinga. Toda vez que mexo a cabeça, e meus guizos tilintam e me lembram de que não tenho família, de que sou sozinho. Não tenho um número nem um ofício. [...] Assim, tudo o que eu sempre fiz foi andar por aí observando tudo o que os outros faziam. Em contrapartida, pude ver um monte de coisas para quais os outros sempre foram cegos. (p. 294)
"Há sempre um curinga que não se deixa iludir."
O dia do curinga - Jostein Gaarder
Nenhum comentário:
Postar um comentário