Eu era uma adolescente normal. Possuía amigas verdadeiras, daquelas que estão com você pro que precisar. Namorava um garoto que, mesmo não sendo bonito, me amava. Usava meus cabelos castanhos cacheados com todo orgulho. Estava um pouco acima do peso, mas minhas gordurinhas não me afetavam. Um dia, no entanto, perdi o papel principal em uma peça da escola por não fazer o ‘gênero princesa’ que procuravam. Foi aí que decidi mudar.
Comprei revistas de dieta e fiz longas greves de fome, até que alcancei os tão sonhados 50 kg. Pintei meu cabelo, afinal, as loiras chamam mais a atenção. Em seguida, alisei-os, pois li num artigo que cachos são ultrapassados. Pouco depois, terminei meu namoro. Agora que estava impecavelmente linda, não poderia ficar ao lado de alguém sem beleza exterior. Minhas amigas antigas? Rompi relações, claro. Ser vista ao lado de meninas que misturam estampas queimaria meu filme. Fiz novas amizades, com pessoas perfeitas assim como eu, e pensei que viveria um conto-de-fadas. No entanto, não precisei chegar ao final para saber que seria infeliz. Percebi que minhas novas amigas eram simplesmente fúteis, mas já era tarde demais para reatar os laços com as antigas, que alegavam não gostar do meu novo jeito de ser. Descobri que amava o meu ex-namorado, mas ele não quis voltar comigo por eu tê-lo magoado profundamente quando terminamos. Mas o que isso me importava? Eu estava linda como sempre sonhara. Quando percebi as idiotices que havia feito, tentei consertá-las. Não foi fácil re-conquistar a confiança de pessoas que eu havia machucado, mas me esforcei. E consegui. Hoje, abri mão de toda a futilidade da ditadura da beleza e estou realmente feliz, como era antes de entrar nessa roubada. O que aprendi com isso? Beleza não põe mesa. Por mais que seja supervalorizada, não vale á pena abrir mão de seus valores por algo meramente exterior. Sua essência diz quem você realmente é.
[texto fictício]
Por JD - Retirado de revistaatrevida.blog.uol.com.br
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